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Farol de Cacilhas
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Henrique Mota

Fundador e Presidente d´”O Farol – Associação de Cidadania de Cacilhas, onde nasceu e reside.

Em 1886, foi instalado o farol perto do Cais do Ginjal) de cor vermelha, que passou a cor verde nos 20 do séc.XX, de acordo com as funções e local. Em 1978 foi desactivado e em 1983 foi enviado para a Serreta, Ilha Terceira, Açores.

O povo de Cacilhas nunca aceitou ficar sem esta referência local pelo que foi iniciado um movimento de cidadãos, figuras públicas e artistas para o trazer à origem, e que deu origem à associação “O Farol” em 2003, trazendo o farol a Cacilhas em 2009, e que luta para preservar o património material e imaterial de Cacilhas, editando um boletim, livros e trabalhos de investigação.

Cacilhas está intimamente ligada ao terramoto de 1755, sendo salva por um pescador que levou a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso junto ao Rio Tejo, afastando o tsunami que vitimou Lisboa, e que agradece a protecção com a Procissão anual do 1 de Novembro. Esta apenas não se realizou dois anos durante 1ª Republica devido ao anticlericalismo, sendo que os pescadores fizeram algumas das procissões, enfrentando anarquistas e republicanos, com as navalhas abertas debaixo dos andores.

Os pescadores e catraieiros tinham de pertencer à Irmandade da N. Sra. do Bom Sucesso para obter a licença da actividade.

Cacilhas é um local de encontro de culturas e de grande espírito de tolerância, onde se encontraram tão diversas forças tão importantes como o sindicato dos corticeiros, onde a H Parry & Son e mais tarde Lisnave, criaram muitos postos de trabalho localmente. Com o desaparecimento da indústria naval, o turismo foi uma das formas encontradas para o crescimento económico local, trazendo muitos visitantes, e criando-se um espaço novo de hotelaria, mas também descaracterizou Cacilhas, obrigando à deslocação dos habitantes por não conseguirem suportar o aumento das rendas.

Vê com optimismo, o projecto do novo Ginjal e da cidade da água.

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Francisco Naia/Ricardo Fonseca

Natural do Alentejo, reside há muitos anos em Almada, e é casado com uma Cacilhense. Autor, poeta, cantor de música popular portuguesa, primo da cantora Tonicha, e aluno de José Afonso, e professor de Línguas. É associado d´ “O Farol – Associação de Cidadania de Cacilhas”, organização popular que com apoios diversos de instituições, conseguiu trazer dos Açores, ilha Terceira, o farol que pertencia ao povo de Cacilhas, que era uma chama que iluminava o rio pois existia muito nevoeiro, constituindo a prova da força que a saudade tem dentro do coração das pessoas, que lutou muito para que este farol regressasse. É autor/compositor/intérprete, com Ricardo Fonseca, do hino local: “O Farol de Cacilhas”.

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Maria Helena Oliveira

Nasceu em Cacilhas, sendo uma das últimas residentes da Rua Cândido dos Reis.

Testemunhou a união popular para colmatar as dificuldades da crise económica do petróleo dos anos 70, instituindo-se a tradição dos fogareiros à porta dos restaurantes para atrair clientela, e salvar os restaurantes, sustento de empregados e suas famílias. Cacilhas viveu uma grande azáfama no rio, com o transporte de iscos para o bacalhau, peixe, bacalhau, fruta e vinhos, havendo um enorme movimento nos armazéns, tabernas, cocheiras para os burros, vendedores de rua, bicicletas, animais direccionados para o matadouro.

Frequentava os bailes do Ginásio Clube do Sul, onde via Revistas e Teatro com ensaiador, Música, Bandas de Bandolins, e cantores, vindo muitos de Lisboa, com o apoio da massa operária, ao passo do Clube Recreativo José Avelino e restaurante “A Floresta do Ginjal”, direccionado aos mais abastados.

A Rua Cândido dos Reis tinha muito comércio: carvoarias, lojas de roupa, casas de mobílias, retrosarias, capelistas, mercearias, casas de Penhores, venda de máquinas de costura onde também ensinavam a costurar, bordar e cortar, peixarias (vendendo peixe ainda vivo), tabernas, ourivesarias, chapelarias, espingardaria, correeiros, tipografia, farmácias, restaurantes, sapatarias, sapateiros, consultório médico, Bombeiros e Escola Primária.

O período do Covid foi complicado para muitos mas a comunidade uniu-se, ajudando aqueles que precisavam de apoio.

Cacilhas desenvolveu-se mas falta libertar as saídas dos prédios, de mesas da restauração, considerando natural a evolução, com o seu lado bom e mau e espera que no futuro, não tapem o rio, o sol aos prédios, e façam jardins.

Manuel Antunes (Manelito)

Vendedor de rua, nasceu na Quinta da Alegria mas viveu sempre em Cacilhas, que considera a sua terra.

A sua infância foi bastante pobre pelo que frequentando escolas (António da Costa, Emídio Navarro) onde os alunos eram obrigados a usar sapatos, calçava-os sem sola, julgando-o deficiente motor porque arrastava os pés, para não verem que não tinha sola. Não completou o Curso Geral de Eletricidade.

Foi um jovem muito irrequieto que saltava para o cacilheiro e não pagava bilhete. Na altura, os miúdos nadavam todos nus na praia do Ginjal, e um dia um guarda fiscal para o castigar, apreendeu-lhe a roupa e teve de voltar despido para casa.

Não completou o Curso Geral de Eletricidade. Fez a tropa nos Comandos e viveu o 25 de Novembro de 1975 (movimentação militar conduzida por partes das Forças Armadas Portuguesas, cujo resultado levou ao fim do Processo Revolucionário em Curso (PREC).

Em Cacilhas, frequentou bailes, praticou natação e desporto e foi treinador em diversas associações, onde foi e é associado, sendo actualmente dirigente associativo de do Clube Recreativo União Raposense, na Caparica.

Teve vários empregos: em empresas locais em Almada, Arsenal do Alfeite, Lisnave, H. Parry & Son, CUF, Siderurgia Nacional, vendedor na rua, pescador, fabricante de formas em folha de metal para pastelaria com as suas irmãs, e é presentemente, feirante (como praticamente todos os seus familiares), percorrendo o país.

Antigamente, Cacilhas tinha muito movimento, brincava-se na rua, vendiam-se copos de camarão, e as pessoas conviviam mais, julgando no entanto, que as obras de requalificação desenvolveram o local de forma positiva. “Cacilhas era muito diferente, deve é continuar a olhar o mar”

Laura Penez

Francesa, ilustradora e designer gráfica. Numa estadia de uns dias em Portugal descobriu Cacilhas, para si um lugar mágico com luz especial, junto ao Tejo, repleto de histórias e tradições, inspirador, onde encontrou pescadores, uma mulher pescadora maravilhosa e muitas personagens da história local. Onde o pôr do sol é tranquilizador. A paisagem, o rio Tejo, a luz, as histórias e suas gentes incentivaram a sua criatividade, guiando as suas mãos a desenhar, e espicaçou sua curiosidade em descobrir este lugar único, onde quis pertencer. Foi artista residente do Arroz Estúdios, com outros artistas de várias áreas e nacionalidades, e junto ao rio Tejo, no Ginjal com amigas, editou um livro com desenhos, ilustrações, textos e pesquisas de Cacilhas denominado por “Do outro lado do Rio”. Considera que no conjunto de edifícios abandonados no Ginjal, deveriam criar-se colectivos, associações para artistas locais e outros, para que a magia não acabe.

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