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Igreja de Nossa Sra. Bom Sucesso

Padre Quintino Trinchete
Transmontano, é o Padre que está, desde 2013, à frente da paróquia de Cacilhas, apoiando a procissão anual de 1 de Novembro, organizada pela Irmandade de Nª Sra. do Bom Sucesso, e responsável pelo Centro Social e Paroquial que durante o período da pandemia, deu apoiou alimentar e domiciliário à população local.
Fez o voto de obediência ao Bispo da Diocese pelo que poderá ser transferido para outro local mas gosta muito de Cacilhas onde se sente bem e onde pode deslocar-se no seu transporte favorito: a trotinete.
A população de Cacilhas está envelhecida e carente, e os jovens nómadas digitais estão apenas de passagem.
Às missas de Domingo têm vindo muitos estrangeiros e gostaria de celebrá-las noutra língua, o que actualmente não é possível. O número de cerimónias (baptizados e casamentos) é menor devido à localização e dificuldades de estacionamento próximo.
A afluência à missa diminuiu com a pandemia pois faleceram muitos paroquianos, e as pessoas criaram medo de sair, tendo dado a comunhão ao domicílio.
“Cacilhas é uma aldeia no meio da cidade!”, similar a um meio rural, onde todos se conhecem e sabem onde moram, quem está doente e quem precisa de comer. Considera como residente que as obras de requalificação, trouxeram mais movimento e ruído mas beneficiaram a restauração local.
Rui Ferraz
Chefe Adjunto do agrupamento de escuteiros 510 Cacilhas. Viveu em Cacilhas mas actualmente, apenas vem para ver a família e pelos escuteiros. Sob o lema “Servir e Educar”, dão apoio social e ensinam e criam dinâmicas com os jovens.
Em 2005, o agrupamento retomou o evento tradicional anual das Burricadas do séc XIX, no último domingo de Setembro, na Rua Cândido dos Reis que encerrava ao trânsito com grupos tradicionais, banca com doces tradicionais, passeios e corridas de burro, com patrocínio dos comerciantes locais e apoio municipal e de associação de raça asinina, o que trouxe a Cacilhas muita gente.
Na edição de 2019, dada a manifestação contra o uso de animais, o programa foi alterado, correndo os concorrentes disfarçados de burro.
Manuel Antunes (Manelito)
Vendedor de rua, nasceu na Quinta da Alegria mas viveu sempre em Cacilhas, que considera a sua terra.
A sua infância foi bastante pobre pelo que frequentando escolas (António da Costa, Emídio Navarro) onde os alunos eram obrigados a usar sapatos, calçava-os sem sola, julgando-o deficiente motor porque arrastava os pés, para não verem que não tinha sola. Não completou o Curso Geral de Eletricidade.
Foi um jovem muito irrequieto que saltava para o cacilheiro e não pagava bilhete. Na altura, os miúdos nadavam todos nus na praia do Ginjal, e um dia um guarda fiscal para o castigar, apreendeu-lhe a roupa e teve de voltar despido para casa.
Não completou o Curso Geral de Eletricidade. Fez a tropa nos Comandos e viveu o 25 de Novembro de 1975 (movimentação militar conduzida por partes das Forças Armadas Portuguesas, cujo resultado levou ao fim do Processo Revolucionário em Curso (PREC).
Em Cacilhas, frequentou bailes, praticou natação e desporto e foi treinador em diversas associações, onde foi e é associado, sendo actualmente dirigente associativo de do Clube Recreativo União Raposense, na Caparica.
Teve vários empregos: em empresas locais em Almada, Arsenal do Alfeite, Lisnave, H. Parry & Son, CUF, Siderurgia Nacional, vendedor na rua, pescador, fabricante de formas em folha de metal para pastelaria com as suas irmãs, e é presentemente, feirante (como praticamente todos os seus familiares), percorrendo o país.
Antigamente, Cacilhas tinha muito movimento, brincava-se na rua, vendiam-se copos de camarão, e as pessoas conviviam mais, julgando no entanto, que as obras de requalificação desenvolveram o local de forma positiva. “Cacilhas era muito diferente, deve é continuar a olhar o mar”
Laura Penez
Francesa, ilustradora e designer gráfica. Numa estadia de uns dias em Portugal descobriu Cacilhas, para si um lugar mágico com luz especial, junto ao Tejo, repleto de histórias e tradições, inspirador, onde encontrou pescadores, uma mulher pescadora maravilhosa e muitas personagens da história local. Onde o pôr do sol é tranquilizador. A paisagem, o rio Tejo, a luz, as histórias e suas gentes incentivaram a sua criatividade, guiando as suas mãos a desenhar, e espicaçou sua curiosidade em descobrir este lugar único, onde quis pertencer. Foi artista residente do Arroz Estúdios, com outros artistas de várias áreas e nacionalidades, e junto ao rio Tejo, no Ginjal com amigas, editou um livro com desenhos, ilustrações, textos e pesquisas de Cacilhas denominado por “Do outro lado do Rio”. Considera que no conjunto de edifícios abandonados no Ginjal, deveriam criar-se colectivos, associações para artistas locais e outros, para que a magia não acabe.
